quinta-feira, 30 de setembro de 2010 | By: Saulo Diniz Ferreira

O Poder do Exemplo


Exemplo não é a coisa principal na vida - é a única coisa. Através dessa frase o famoso missionário médico e autor, Albert Schweitzer, expressou claramente a importância e o poder do exemplo. Quantos de nós lendo isso, temos sido influenciados pela vida poderosa de um pastor, presbítero ou outro cristão que passou por nossas vidas. Se eu mencionar "um pastor fiel", a imagem de quem surge na sua mente? Se eu mencionar "um cristão fiel", em quem você pensa?
A declaração de Schweitzer é um exagero, claro. Muitas outras coisas estão envolvidas em uma vida de fidelidade, mas elas próprias estão combinadas no exemplo deixado por alguém.

"Mentoração" e "formação" podem soar como conceitos novos, mas eles não são. Parece que, do modo genuíno como Deus nos criou, isso estava em Sua mente. Ele fez os homens à Sua imagem. Nós existimos para seguir Seu exemplo, e para imitar Seu caráter. Na encarnação de Cristo, Deus veio em carne de um modo que podíamos entender e nos relacionar com Ele e, como Pedro disse, "deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos," (1 Pedro 2:21).
Nós também temos participação nesse ministério de estabelecer e seguir exemplos. Deus criou os seres humanos para nascerem e amadurecerem na companhia de outros humanos, em família. Nós não nos geramos sozinhos e nem aparecemos instantaneamente como pessoas maduras. Deus planejou que pais amorosos fizessem parte do modo como os humanos cresceriam.

Esse também é o modo como Deus intentou fazer-se conhecido nesse mundo decaído. No Velho Testamento Deus chamou Abraão e seus descendentes para serem um povo santo, especial e distinto no mundo. Eles deveriam ser especiais para que o mundo tivesse uma imagem de uma sociedade que espelhasse o caráter de Deus - personificando Seus interesses e valores. Quando Deus disse ao seu povo em Levíticos 19 que eles deveriam "ser santos porque Eu, o SENHOR vosso Deus, sou santo," Ele não estava falando meramente a um indivíduo, para Moisés ou Arão ou Josué. Ele estava certamente falando a eles, mas nós vemos em Lev. 19:1 que Deus especificamente instruiu Moisés a dizer isso a toda a congregação de Israel. As leis que Ele deu a eles tinha muito a ver com relacionamentos, equidade, justiça e interações sociais. Ele demonstra que conforme essas pessoas se preocupam umas com as outras - com o perdido e o necessitado, com o estrangeiro e o jovem - elas mostrariam alguma coisa do caráter de seu Criador justo e misericordioso.

A falha de Israel nesse ministério modelo para outros é uma das principais cobranças de Deus contra a nação no Velho Testamento. Assim, em Ezequiel 5, o papel de Israel torna-se o de instruir as nações através de exemplos negativos. O SENHOR diz a Israel, "Esta é Jerusalém; pu-la no meio das nações e terras que estão ao redor dela... Pôr-te-ei em desolação e por objeto de opróbrio entre as nações que estão ao redor de ti, à vista de todos os que passarem. Assim, serás objeto de opróbrio e ludíbrio, de escarmento e espanto às nações que estão ao redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira e indignação, em furiosos castigos. Eu, o SENHOR, falei," (5:5, 14-15). De novo e de novo em Ezequiel, Deus diz que Ele faz o que faz à nação de Israel para o bem de Seu próprio nome, isto é, para que a verdade sobre Ele seja conhecida ente os povos do mundo.

Este testemunho coletivo para Ele mesmo é o que Deus também intentou através da igreja no Novo Testamento. Em João 13, Jesus disse que o mundo conheceria que nós somos Seus discípulos pelo amor que temos um pelos outros, como Cristo. Paulo escreveu à igreja em Éfeso, "outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz," (Efésios 5:8).

Em nossas vidas como cristãos, individualmente, e num efeito multiplicado em nossas vidas juntas como igrejas, nós portamos a luz da esperança de Deus nesse mundo escuro e desesperador. Através de nossas vidas como cristãos nós estamos ensinando uns aos outros, e o mundo ao redor sobre Deus. Se nós amamos uns aos outros, nós mostramos alguma coisa de como é amar a Deus. E, por outro lado "aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê," (1 João 4:20). Em nossa santidade mostramos a santidade de Deus. Nós somos chamados para trazer às pessoas a esperança de que há um outro modo de vida além das vidas egoístas de frustração que nossa natureza caída e o mundo ao redor conspira para encorajar-nos a seguir.
Companheiros pastores e presbíteros, o que nossas igrejas estão ensinando ao mundo que nos observa sobre Deus? Estamos ensinando-os que Deus é limitado à nossa raça? Estamos ensinando-os que Ele tolera pecado e infidelidade, vidas egoístas de mesquinharias e contendas? Quão seriamente temos nós conduzido nosso povo em aceitar a grande tarefa e privilégio que temos de ser a demostração pública, a vitrine, a propaganda, a página web do caráter de Deus para Sua criação?

Que privilégio tremendo Ele nos deu, e quão pouco caso fazemos disso. Nós pensamos que se conseguirmos mais pessoas em nossa igreja, isso de alguma forma nega nossa responsabilidade com aqueles que já são nomeados nossos membros. Mas qual o testemunho que cada um destes está dando agora? Quantos dos seus maus testemunhos você tem que trabalhar para superar para que as pessoas consigam ver o bom testemunho que Deus está provendo através daqueles que são verdadeiramente convertidos, e estão mostrando isso.

Todo o exercício de disciplina da igreja não é finalmente sobre justificação e vingança. Esses são assuntos de Deus, não de pecadores perdoados como nós (Deuterenômio 32:35; Romanos 12:19)! Mas nós temos uma preocupação em apresentar um bom testemunho aos outros de como Deus é. Nós existimos para sermos exemplos em nossas vidas e conduta. Você notou que em suas epístolas pastorais, Paulo parece particularmente preocupado sobre a reputação que um presbítero teria com aqueles de fora da igreja? Embora deva existir um número de razões para isso, uma certamente deve ser o papel representativo do presbítero da igreja para o mundo. Isso, então, é também o que a igreja deve ser como um todo. É por isso que Paulo ficou tão enfurecido em 1 Coríntios 5. E você notou com quem exatamente Paulo está gritando? Ele não repreendeu o homem que cometeu o ato sexual pecaminoso; antes categoricamente repreendeu a igreja que tolerava tal pecado entre seus membros! Nós conhecemos a triste verdade que alguns do nosso número irão se mostrar perdidos no pecado, mesmo que tenham feito uma boa profissão no início. Nós acreditamos que ao menos alguns deles se arrependerão e voltarão. Mas nós nem mesmo esperamos que a igreja coletivamente omita-se de sua responsabilidade de bem representar a Deus defendendo a santidade e colocando-se contra o pecado. Foi esse assunto - muito mais que o pecado do povo idólatra de Israel no Velho Testamento - o foco da afiada repreensão de Paulo à igreja dos Coríntios.

Amigos, o que diria o apóstolo Paulo da sua igreja e da minha? Quanto não-comparecimento nós toleramos em nome do amor? Quantas relações de adultério ou divórcios não bíblicos nós permitimos passar descomentados em nossas igrejas, ainda que isso grite ao mundo, dizendo "nós não somos mais diferentes do que eles"? Quantas pessoas que trazem divisão nós permitimos que rasguem a igreja sobre pequeninas questões, ou quantas falsas doutrinas nós permitimos que sejam ensinadas?
Queridos irmãos, se você está lendo isso como um pastor, um presbítero, um líder, professor ou um companheiro membro de uma igreja, pense na grande responsabilidade que temos. Considere como nós podemos testemunhar a Deus melhor - ignorando pecados no nosso meio, ou trabalhando para restaurar gentilmente aqueles que foram pegos em pecado, como Paulo instrui em Gálatas 6:1? O que melhor reflete o Deus que adoramos? Alguma vez a misericórdia de Deus obscureceu Sua santidade em Sua palavra? E na Sua igreja? Qual a nossa mordomia nessa questão?

Dê atenção ao exemplo que você estabelece ao mundo ao seu redor. Deus tem um plano grandioso para Seu povo e Sua palavra; Ele nos chama para mostrar isso através de nossas palavras e de nossas vidas. Você está fazendo isso? Que Deus ajude cada um de nós a ser fiel nesse grandioso chamado.

De Mark Dever
Por Saulo Diniz Ferreira – Brasília DF

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segunda-feira, 13 de setembro de 2010 | By: Saulo Diniz Ferreira

As Misericórdias de Hoje para os Problemas de Hoje


Uma parte da fé salvadora é a segurança de que amanhã teremos fé. Confiar em Cristo hoje inclui o crer que Ele lhe dará a confiança de amanhã, quando o amanhã chegar. Com freqüência, sentimos que nossa reserva de forças não será suficiente para mais um dia. E, de fato, não será. Os recursos de hoje são para hoje; e uma parte desses recursos é a confiança de que novos recursos nos serão dados amanhã.

O alicerce desta segurança é o maravilhoso ensino bíblico de que Deus determina para cada dia apenas a quantidade de problemas que este dia é capaz de suportar. Em nenhum dia, Deus permitirá que seus filhos sejam provados além do que a sua misericórdia para aquele dia suportará. Isso foi o que Paulo quis dizer em 1 Coríntios 10.13: “Nenhuma prova lhes tem sobrevindo, que não seja comum ao homem. Deus é fiel, e não permitirá que sejam provados além do que são capazes de agüentar, mas, com a prova, Ele também dará o meio de escape, para que possam suportá-la” (tradução do autor).

O antigo hino sueco “Dia a Dia” é baseado em Deuteronômio 33.25: “A tua força será como os teus dias” (ARC). O hino nos dá a mesma segurança:

Dia a dia e a cada momento que passa,

Acho forças para enfrentar minha provação;

Confiando na sábia outorga de meu Pai,

Não tenho motivo para temor ou inquietação.

A “sábia outorga de meu Pai” é equivalente à quantidade de problemas que podemos suportar a cada dia — e nenhum problema a mais:

Ele, cujo coração é imensuravelmente bom,

Com amor, dá a sua parte de prazer e dor,

E, a cada dia, o que julga o melhor dom

Mesclando com paz e descanso o intenso labor


Juntamente com a medida de dor para cada dia, Ele nos dá novas misericórdias. Este é o argumento de Lamentações 3.22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade”.

As misericórdias de Deus são novas cada manhã, porque existem misericórdias suficientes para cada dia. É por isso que tendemos a entrar em desespero, quando pensamos que talvez possamos ou tenhamos de levar os fardos de amanhã com os recursos de hoje. Deus deseja que estejamos cientes de que não podemos. As misericórdias de hoje são para os problemas de hoje; as de amanhã, para os problemas de amanhã.

Às vezes, nos perguntamos se teremos misericórdia para permanecermos firmes em provas terríveis. Sim, teremos. Pedro disse: “Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1 Pe 4.14). Quando a injúria nos sobrevém, o Espírito da glória se manifesta. Aconteceu com Estêvão, quando ele estava sendo apedrejado (At 7.55-60). Acontecerá com você. Quando o Espírito e a glória são necessários, eles surgem.

O maná no deserto foi dado uma vez por dia. Não havia armazenagem de maná. Essa é a maneira como temos de depender da misericórdia de Deus. Você não recebe hoje a força para levar os fardos de amanhã. Recebe misericórdias hoje para os problemas de hoje. Amanhã, as misericórdias serão renovadas. “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1.9). “Fiel é o que vos chama, e Ele também agirá!" (1 Ts 5.24 — tradução do autor.)

De John Piper
Por Saulo Diniz Ferreira - Goiânia GO

Extraído do livro: Uma Vida Voltada para Deus, de John Piper.

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