terça-feira, 21 de dezembro de 2010 | By: Saulo Diniz Ferreira

Os Cristãos devem celebrar o natal?


Eu compreendo aqueles que querem ser rigorosamente e distintamente Cristãos. Que querem ser libertos do mundo e qualquer raiz pagã que possa repousar sob nossa celebração do Natal, mas não me posiciono da mesma maneira nesta questão porque penso que chega um ponto onde as raízes já estão distantes de tal forma que o significado presente não carrega mais nenhuma conotação pagã. Fico mais preocupado com um novo paganismo que se sobreponha a feriados cristãos.

Eis um exemplo que eu uso: Todo idioma tem raízes em algum lugar. A maioria dos nossos dias da semana [em inglês] —se não todos— saíram de nomes pagãos também. Então deveríamos parar de usar a palavra “Sunday” (domingo) porque ela pode ter estado relacionada à adoração ao sol em um tempo distante? No inglês moderno, “Sunday” (domingo) não carrega aquela conotação, e é a própria natureza do idioma. De certa forma, os feriados são como a linguagem cronológica.

O Natal agora significa que marcamos, no meio cristão, o nascimento de Jesus Cristo. Nós achamos que o nascimento, a morte e a ressurreição de Cristo são os eventos mais importantes na história humana. Não marcá-los de alguma forma, através de uma celebração especial, me parece que seria insensatez.

Eu lembro de ter sido vizinho de um casal nos tempos de seminário que não celebrava os aniversários de seu filho. A ideia era, em parte, que todos os dias eram especiais para o menino. Mas se todos os dias são especiais, então provavelmente significa que não há dias especiais. Contudo, algumas coisas são tão boas e preciosas — como aniversários e até mesmo mortes — que são dignas de serem marcadas. Quão mais o nascimento e a morte de Jesus Cristo!

Realmente vale o risco, mesmo que a data de 25 de Dezembro tenha sido escolhida por causa de sua proximidade com algum tipo de festival pagão. Vamos apenas tomá-la, santificá-la e fazer o melhor com ela, porque Cristo é digno de ser celebrado em seu nascimento.

Não há motivo para escolher outra data. Não vai funcionar.

De John Piper. © Desiring God. http://desiringGod.org
Por Saulo Diniz Ferreira - Goiânia GO
Tradução: voltemosaoevangelho.com

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010 | By: Saulo Diniz Ferreira

Norma Normata: a norma que é regida


A palavra latina Credo significa simplesmente “creio”, e corresponde à primeira palavra do Credo Apostólico. Através da sua História a Igreja fez frente à necessidade de adotar e abraçar posições confessionais para expressar claramente a Fé Cristã e para distinguir a verdade do erro e das declarações falsas da fé. Tais credos distinguem-se das Escrituras pela compreensão destas serem a norma normans (“a norma que rege”), enquanto os credos são norma normata (“a norma que é regida”).

Historicamente os credos cristãos têm abrangido desde breves até extensas afirmações confessionais. O mais antigo credo cristão encontra-se na declaração do Novo Testamento “Jesus é Senhor”. O Novo Testamento faz desta declaração algo críptico pois indica que ninguém pode fazer esta afirmação a não ser pelo Espírito Santo. O que se entende por isso? Por um lado o Novo Testamento nos diz que as pessoas podem honrar a Deus com a boca mas seus corações estão longe d’Ele. Isto é, as pessoas podem recitar um credo e fazer declarações categóricas de fé sem, todavia, acreditar realmente no que dizem. Assim, por que o Novo Testamento estabelece que ninguém pode fazer esta afirmação a não ser pelo Espírito Santo? Talvez seja pelo que custava fazer tal declaração no contexto da Antiga Roma.

O juramento de lealdade exigido aos cidadãos romanos para demonstrarem sua ligação ao império em geral e ao imperador em particular consistia em dizer publicamente, “Kaisar Kurios,” que significa, “César é senhor”.

Na Igreja do século primeiro, os cristãos sujeitavam-se à obediência aos magistrados civis, inclusive às medidas opressoras do César, e mesmo assim, na hora de afirmar publicamente que César era o senhor, os cristãos não podiam fazê-lo com a consciência tranqüila. Como substituto dessa frase, os primeiros cristãos faziam a afirmação “Jesus é Senhor”.

Mas dizer isso provocava a ira do governo romano, e em muitos casos, custava-lhe ao cristão a sua própria vida. Portanto, as pessoas tendiam a não manifestar aberta e publicamente esta declaração a no ser que fossem movidos a isso pelo Espírito Santo. O simples credo “Jesus é Senhor”, ou afirmações mais extensas, tais como o Credo dos Apóstolos, dão uma idéia geral dos ensinamentos básicos essenciais. Os credos resumem o conteúdo do Novo Testamento.

Os credos também utilizaram esse resumo de conteúdo para excluir as heresias do século quarto. Na aconfissão do Credo Niceno, a Igreja afirmou categoricamente sua crença na divindade de Cristo e na doutrina da Trindade. Essas afirmações foram consideradas verdades essenciais da fé Cristã. Eram essenciais porque sem a inclusão dessas verdades, qualquer afirmação cristã seria considerada falsa.

Na época da Reforma, houve uma proliferação de credos, à medida que as comunidades protestantes achavam necessário, face às controvérsias reinantes na época, de fazerem afirmações definitivas sobre suas crenças e de como sua fé diferia da teologia da Igreja Católica Romana. O próprio Vaticano acrescentou suas próprias afirmações de fé no Concilio de Trento a meados do século dezesseis em resposta ao movimento protestante. Mas cada grupo Protestante, tais como os Luteranos, a Igreja Suíça Reformada e a Igreja Escocesa Reformada sentiram que era necessário esclarecer as verdades que eles estavam afirmando.

Isso se fez necessário, não somente pelos desacordos dentro dos diferentes grupos Reformados, mas também para esclarecer a posição protestante frente às freqüentes interpretações errôneas apresentadas pelos católico-romanos. A declaração confessional do século dezessete, conhecida como a Confissão de Fé de Westminster, é uma das afirmações de credo mais precisas e abrangentes que se produziram durante a Reforma. Constitui um modelo de precisão e ortodoxia bíblica. Todavia, devido à sua extensão e abrangência resulta difícil encontrar a dois defensores da Confissão de Fé de Westminster que estejam de acordo em todos e cada um dos seus pontos.
Por essa razão, as igrejas que utilizam esta ou outras confissões similares, geralmente limitam os seus requisitos de adesão a um reconhecimento do “sistema de doutrina nela contido”. Esses credos protestantes posteriores, não só pretendiam afirmar o que eles consideravam como questões essenciais do Cristianismo, mas esclarecer os detalhes de cada comunhão religiosa que utilizaria tais abrangentes confissões de fé.

Em nossos dias tem surgido uma forte aversão contra as confissões de fé de qualquer tipo ou em qualquer nível. Por outro lado, o relativismo tão dominante na cultura moderna é um empecilho para qualquer confissão de verdades absolutas. E não só isto, mas também temos observado uma reação negativa muito forte contra a natureza racional e proposicional da verdade. Afirmações confessionais são uma tentativa de mostrar um entendimento coerente e unificado do amplo alcance das Escrituras.

Nesse sentido, são breves declarações do que historicamente temos conhecido como “teologia sistemática”. A idéia da teologia sistemática pressupõe que todo o que Deus diz é coerente e sem contradição. Assim, embora estes credos não sejam estabelecidos por mera especulação racional, todavia, estão escritos de maneira a serem inteligíveis e compreendidos pela razão. Sem tais confissões, a anarquia teológica reinaria na Igreja e no mundo.

De R.C. Sproul
Por Saulo Diniz Ferreira – Goiânia GO

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