sábado, 5 de dezembro de 2009 | By: Saulo Diniz Ferreira

Prisioneiros do Medo



Uma análise ainda que superficial sobre os rumos de nossa sociedade moderna, remontará indubitavelmente a imagem grotesca estampada nos livros de história, esboçando homens-da-caverna empenhando armas e desferindo golpes a esmo sem nenhuma hesitação. Hoje o marasmo comum que nos aflige, (uma vez que optamos por simplesmente receber indignados as ultimas notícias dos jornais, telejornais e afins) é um fenômeno de proporções mundiais, caracterizando tão bem o estágio atual de uma civilização amedrontada, e auto-suficiente. O que dizer, sobre os conflitos no Irã? Quem é o mocinho, ou o vilão na guerra contra o terror? Qual nossa posição em relação aos menores infratores? Onde estabelecer parâmetros precisos de confiabilidade numa cidade, bairro, ou país onde o tráfico, os homicídios, e os roubos têm se tornado uma constante?

Quão surreal é assistir atividades que deveriam ser de lazer, como uma partida de futebol se metamorfosearem numa zona de guerra, salas de aula manchadas pelo sangue de alunos e professores numa explosão de ódio e rancor, o embate desigual da luta pelos direitos despertando reações militares.

Fustigados pelo vaticínio cruel de que algo de extremamente trágico pode sim ocorrer conosco, aprendemos a alimentar uma suspeita voraz com relação a todos ao nosso derredor, e assim o padeiro, o sorveteiro, o assistente social e até os Testemunhas de Jeová se tornam um homicida em potencial defronte a linha conturbada de nosso raciocínio.

Sob a égide medonha de nossas precauções, erguemos muralhas de medo que nos cercam aonde quer que estejamos. E sem encontrar subterfúgio seguro reinventamos métodos diários que nos garantem a "sensação" de estarmos de fato protegidos. Daí o aumento dos condomínios fechados, empresas especializadas em segurança patrimonial, igrejas, cursos de defesa pessoal, serviço interno de CFTV e outros.

Divagamos hoje sobre a hipótese de sermos alvejados por balas perdidas, sobre seqüestros relâmpagos que não escolhem raça ou classe social, sobre o ódio e a intolerância de grupos famigerados como os neo-nazistas, sobre a promoção exaustiva dos ataques televisivos a nossa libido (uma violência em sentido Lato Senso a toda ética e moral) sobre os assaltos, os surtos psicóticos e etc. Mas infelizmente não temos muito o que fazer, no mais lamentamos, restringindo o âmbito de nossa ação ao máximo, afeitos ao jargão conformista de que "em caixa de marimbondo não se mete a mão".

Esperar a solução do governo se fora já não é mais uma premissa verossímil, visto o emaranhado crescente de escândalos grosseiros e surpreendentes que protagonizam normalmente. “Sobre a policia,” “organização de combate ferrenho ao crime", julgo a muito ter derrocado de sua função, transformando-se em um grupo de extermínio nada convencional.

A pergunta que devemos nos fazer é: - Onde (ou até onde) meu comportamento enquanto cristão pode e deve manter uma distância considerável da violência. Uma vez sendo eu mesmo vítima desta violência?

Apoio à abnegação de posturas militares de qualquer espécie, abrindo aqui o argumento bíblico de que tal atitude fora condenada por cristo veementemente de acordo com o texto que diz:"volte a sua espada ao seu lugar, pois aquele que vive pela espada, morrerá pela espada". (Hb 12:22; 9:15-24; Mt 10:10; 26:51-52; Lucas 9:3; 22:35,36; Atos 10:34-35) ou ainda o que enfatiza uma das características do Reino vindouro - "Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra" - Isaías 2:4. Ora quão contraditório haveria de ser incentivar a não utilização da violência e estar de acordo com a guerra aonde irmãos matam irmãos.

A parte que nos cabe neste enredo épico é menos sutil do que se possa pensar, somos o sal da terra, cuja ausência causa insipidez tremenda, não devemos temer a espada. Não devemos ter ou se quer cultivar o espírito de temor. “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (II Tm 1:7).

Podemos conquanto argumentar que sendo o governo detentor de tais artifícios de repreensão, devemos prestar-lhe nosso mais arguto agradecimento. Entretanto sabemos que: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5:29). Requer dizer aqui que Paulo falando de certa feita acerca de governos humanos declarou que " estes agem como ministros de Deus tanto para o bem quanto para o mal". Em Romanos 13 podemos ler: "Pois é ministro de Deus para ti, para teu bem. Mas, se fizeres o que é mau, teme; porque não é sem objetivo que leva a espada; pois é ministro de Deus, vingador para expressar furor para com o que pratica o que é mau". Na época de Paulo não havia forças policiais em Israel, muito embora a função de conter motins e se envolver em ações bélicas ficasse a cargo do exército romano e do sinédrio. Salvo a memória ambas as potências tiveram papeis de destaque nos acontecimentos que culminaram com a crucificação e morte de Cristo. Aceito por outro tanto a afirmação de que tais atitudes que ensejam o uso da violência de qualquer espécie são contrárias aos ensinamentos do evangelho.

O primeiro passo rumo a liberdade é compreendermos a fundo quão felizes somos por té-lo aceito em nossas vidas, independente do sucesso ou insucesso de nossos planos. Espalhando seu evangelho sobre a terra, enquanto tivermos fôlego. No mais faço minha as palavras de Paulo em Filipensses 1,21 "Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro". E viver assim requer coragem.

É bem verdade que a paz unilateral e utópica fora suplantada por tratados e acordos de tolerância pseudo-democráticos, e isso chegou a convencer a muitos de que o mundo equânime e organizado do sonho de nossos antepassados havia chegado enfim. Mero argumento teórico de alienação das massas, a política de pão e circo ainda funciona nos dias atuais.

Resta-nos o pesar solidário, o liame comum que nos manterá unidos nas passeatas pelas ruas, enquanto seres inconformados com a violência urbana e seus tristes resultados. Resta-nos a paixão poética de alguém que luta por manter a integridade física, mental e moral de nossos familiares e afetos. Mas, sobretudo resta-nos a fé em um Deus que revelou aos seus as angústias cruciantes do período que antecederia o estabelecimento de seu Reino Eterno, afim de que não se deixassem intimidar pela crueldade dos homens que escarnecem de Sua perfeita vontade, transformando em mentira a verdade.


Por que DELE e por ELE são todas as coisas.

Thiago Peixoto Victório - Goiânia GO

1 comentários:

Saulo Diniz Ferreira disse...

Os chamados "CRISTÃOS" necessitam de reforma e reformar-se é acima de tudo, destronar de si o seu "impostor pessoal", aquele que está sempre em contradição dentro de você, aquele ponto de contato com o egoísmo e a mediocridade, o impostor te põe mascaras, que não te deixa ser você mesmo. Ele sempre tenta te manipular para que ele sempre saia beneficiado.

Reformar-se é libertar-se da dependência psicológica, é não mais ser manipulado pela alienação espiritual e materialismo dissimulado.

Dentro de nós existe um LUTERO aprisionado, amordaçado e desmaiado pelo carrasco da religião: O Homem a sua própria imagem e semelhança.

Ser Livre hoje em dia exige que individuo acorde e faça reforma. Reformar-se para não permitir a existência do impostor que vive em nós, e com isso não findar a verdade, e retribuir a liberdade anunciando o Libertador.

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