terça-feira, 5 de janeiro de 2010 | By: Saulo Diniz Ferreira

Deus existe.


Ele falou comigo. Na verdade foi uma conversa. E uma conversa bem sincera por sinal. Sem chavões ou promessas irrealizáveis.

Não, não é para amarrar nenhum explosivo em meu corpo, tampouco fundar uma nova seita. Ele não queria meu dinheiro, nem o dinheiro das pessoas. Os pobres precisam de dinheiro. Deus não.

Ele não me pediu para tocar alguma música ou fazer um jejum de Coca-cola. Não que ele não goste de música, ou de Coca-cola. Ele não me pediu para subir em algum monte fumegante e esperar por ele. Ele não mandou que eu comprasse um terço e contasse os pedacinhos de madeira infinitamente até que meus pecados fossem extirpados.

Deus não me pediu para tornar sagrado algum dia da semana (se bem que a quarta-feira é dia de futebol na tv. Eu até acho que ele gosta. Não de tv, mas de futebol) Ele não quis que eu vivesse dentro dos templos dos homens. Ele os acha muito chato quase sempre (exceto aqueles dias onde os movimentos não são programados e os anjos dançam reluzindo nos vitrais e o amor é percebido sem indiferenças ou demagogia).

Enquanto conversávamos percebi claramente que não havia nada a fazer afim de ganhar sua atenção (lá no fundo meu instinto ególatra gritava: Ei, Senhor, olha eu aqui, não tá vendo que eu estou me esforçando pra melhorar? Olha só minhas obras, as coisas bacanas que fiz! Não dá pra dá uma ajudinha agora? To precisando de...)

As vezes me calava e só escutava: Tá vendo aquela borboleta? O que achou dela? E via embasbacado aquela simetria minimalista que me enchia os olhos. Linhas coloridas delineavam o desenho de uma flor nas costas da borboleta. E esse mosca verde, o que achou? A voz da Sabedoria perguntava dentro da minha cabeça. Era uma daquelas moscas de sopa. Enorme, de um verde quase florescente vivo, planando na altura de meus olhos. As asinhas batendo numa velocidade incrível. Que inseto fantástico! Pensava eu em voz alta.

Acredito que meus vizinhos me achem louco, falando sozinho daquele jeito.

Ele não espera que eu mude. Ele sabe quem sou. Não há mudança na essência. Todo mal que causamos afeta a todos em níveis inacreditáveis de conexão. Estamos todos interligados. Como os eletróns. É como o Efeito Borboleta, ou Teoria do Caos de Lorenz. Diz na Wikipédia:

"Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. O efeito borboleta faz parte da teoria do caos, a qual encontra aplicações em qualquer área das ciências: exatas (engenharia, física, etc), médicas (medicina, veterinária, etc), biológicas (biologia, zoologia, botânica, etc) ou humanas (psicologia, sociologia, etc), na arte ou religião, entre outras aplicações, seja em áreas convencionais e não convencionais. Assim, o Efeito Borboleta encontra também espaço em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo."

É o que Paulo tentava explicar quando dizia aos seus amigos (Gálatas 6:7):

"Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará."

É uma lei natural. Como o curso do vento.

Eu queria perguntar a Deus qual é o sentido da Vida, do Universo e Tudo o Mais, mas deixei pra lá. Acho que não iria entender a resposta de qualquer jeito. (Para os curiosos, Adam Douglas vai atrás do dilema em seu livro Guia do Mochileiro das Galáxias. O problema é que ele achou a resposta que não tinha nada a ver com a pergunta)

Deus, me desculpe por não ter acreditado em você, disse quando acendia o último cigarro do dia.

Não se preocupe com isso, você também não acreditava em si mesmo. A Grande Dúvida faz isso com as pessoas, as tornam céticas de tudo e todos, inclusive de si próprio. Mas a dúvida é passageira. Ela é só uma sombra de uma nuvem negra tapando o sol, quando sopram os ventos, ela se dissipa. Como a vaidade. Na luz não há sombra de dúvida e com isso o medo se vai, daí você volta a acreditar em si, em mim, nas pessoas e em tudo ao seu redor.

Dei a baforada de fumaça branca refletindo. Ele continuou:

É comum não voltar a enxergar claramente depois de algum tempo nas sombras. Você precisa ter paciência. As coisas ao seu redor vão mudar. Você vai conseguir ver tudo como realmente é: INFINITO.

Nunca achei que Deus fosse parafrasear Blake. Acabei sabendo depois que a famosa frase não era do poeta inglês.

O que você quer de mim? - Fiz uma daqueles perguntas que tem aquele ar de sabedoria, mas não passa de um questionamento estúpido e clichê, como se eu quisesse realmente dizer: "Olha, me diz aí o que eu posso fazer para ficar de boa contigo!"

Olhei para o céu. Os últimos clarões do dia incendiava as nuvens numa explosão de cores vivas vindas da palheta alaranjada do maior artista do universo. Aquilo parecia querer dizer muita coisa, mas fiquei satisfeito em somente achar belo. Deus então, disse:

"Tudo é possível ao que crê."

Obrigado e abraço.

Samuel Peregrino 29 anos - Goiânia, Go
Fonte: Diarios Inacabados

1 comentários:

Danilo disse...

Ola gente boa de Jesus!

Ola Saulo

Graça e Paz!

Vim conhecer seu espaço digital. Bom posts! A internet é um espaço precioso onde podemos falar de Jesus e discutir diferentes pontos de vista!

Aproveitando, faço uma apresentação do meu blog:

Genizah é um blog cristão diferente. Hilário e divertido, mas que não dispensa a seriedade na defesa do Evangelho. Uma mistura bem balanceada de humor, denuncia e artigos devocionais. No Genizah, você fica sabendo da última novidade do absurdário "gospel", mas também não falta material para inspiração e ótimas mensagens dos melhores pregadores. Genizah é um blog não denominacional apologético, com um time é formado por escritores, pastores, humoristas e chargistas cristãos.

Aguardo sua visita. Vamos nos seguir!

Abraços em Cristo e Paz!

Danilo Fernandes

http://www.genizahvirtual.com/

Postar um comentário